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depois de viajar...


...saia da internet e vá ler um livro!

domingo, 3 de outubro de 2010

sua mãe deve saber.


sentimento flui dentro dos poros da sua epiderme. fluxos de suor, lisergia intracelular, sorriso sardônico paralisante unindo as fendas de um ser pensante, insano, impensável. pedaços de simbologia há muito esquecida na segunda parte do córtex pré-frontal. massa acinzentada escorre,
escorre.

SOL! besouros voando através das cores de teus neurônios, cosmos unem átomos intrauterinos na atmosfera enérgica do teu ácido nucleico.

espiral, espiral!



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

albert hofmann


aurora boreal em júpiter,
flamingos tomando sorvete de flocos
de nuvem em nuvem,
pescando peixinhos multicoloridos
num oceano de ácido lisérgico.

muito obrigada!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lucy in the Sky with Diamonds

você já acordou enxergando tudo diferente,
embora tudo esteja da mesma maneira?
já se perguntou de onde vêm as coisas
e como somos e pensamos de formas diferentes uns dos outros?
já experimentou a sensação de felicidade
de realmente estar pensando alguma coisa que faça
bem pra você e para os outros?
se ainda não teve esse prazer, então passe uma noite com
Lucy in the Sky with Diamonds.

você talvez não entenda agora porque ainda não é a hora.

consegue encontrar a felicidade
com as coisas simples da vida?
consegue viver na loucura acreditando que aquilo é real
e que os seres humanos possam ajudar uns aos outros
sem esperar nada em troca?
consegue acreditar que estamos todos interligados por
pequenas partículas onde desde o início dos tempos até o final
somos todos a mesma coisa?
se não consegue acreditar nisso, então passe uma noite com
Lucy in the Sky with Diamonds.

você talvez não entenda agora porque ainda não é a hora.

já encontrou alguma pessoa que você tivesse a certeza
que te completa e que você tivesse certeza que ela sente a mesma coisa?
que te mostrou um caminho para você enxergar
as coisas mais simples estampadas na sua cara mas você não vê?
que te faça sentir único, acreditar no amor
e querer dividir essa felicidade com as outras pessoas?
se encontrar uma pessoa que te faça sentir assim,
então passe uma noite com
Lucy in the Sky with Diamonds.

e você finalmente vai entender.


Zuni.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

a balada.

para J.


esta noite, algo se rompeu. enzimas e outras substâncias químicas digeriram algo essa noite, meu amor. nós nunca havíamos visto o mundo desta maneira, meu amor. sinto como se pudesse enxergar perfeitamente agora a placenta que nos unia, e esta noite nós nascemos, meu amor. unidos fisica e biologicamente através de nossos sentidos (os quais tu tanto fala), e também através de nossa razão. nascemos hoje, e a noite foi clara, e o dia que amanheceu foi azul-celeste.
sempre soube que éramos mais do que corpos físicos habitando um espaço, e que éramos mais do que carne, e mais do que sangue. só nós vivemos o que vivemos ontem, e só nós podemos sentir exatamente o que estamos sentindo agora. o universo somos nós, agora. nós somos um só cosmo.
esta noite, nós também retornaremos a uma nova placenta, um novo líquido amniótico, novas visões, novas experiências. mas a partir deste ponto, na mesma barriga. somos seres totalmente diferentes e organicamente individuais e fantasticamente únicos, como todos os seres vivos. mas juntos. vivendo juntos. seguindo juntos nossa trajetória neste sistema solar.
vamos nascer quantas vezes, meu amor? quantas outras vezes vamos redescobrir o que sentimos quando nos olhamos, meu amor?
esta noite foi só nossa, dentro do nosso próprio mundo, dentro da nossa própria existência compartilhada.
nós somos a definição do amor verdadeiro.
nós somos absolutamente todo o amor do mundo.

domingo, 29 de agosto de 2010

eu queria...

eu queria ser uma sereia.
pele fina, água nos pulmões, respirando o silêncio
e a paz do oceano abismal...
meu arco-íris seriam anêmonas,
e as pedras-pome, minha cama...

se eu fosse sereia,
minha corrida seria o nado,
minhas pernas seriam o nicho,
e minha preocupação seria o nada.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

(in)sanidade


por trás de cada parede, dentro de cada fresta, no olho na persiana, na fechadura, no crânio, no âmago dos intestinos, na veia engordurada de vergonha e ódio, no sangue ferroso do asfalto, nos prédios, nos elevadores, nas construções antigas e novas, por trás dos pixels de uma aparência amigável, por trás do sorriso cínico, por dentro de cada lágrima...

...loucura.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

there is no if...

— promete que vai me amar pra sempre?
— pra sempre é muito, não posso...
— então promete que vai me amar até quando der?
— prometo de todo coração.


sabe,
o amor é líquido amniótico...

eu

ontem eu era lagarta
hoje eu sou casulo

não demora muito a tornar-me palomilla
finalmente palomilla.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

god bless

Serial killer:
são indivíduos que cometem uma série de homicídios com um intervalo entre eles, durante meses ou anos, até que seja preso ou morto. As vítimas têm o mesmo perfil (prostitutas, mochileiros, crianças, idosos) e mesma faixa etária, sexo, raça etc. As vítimas são escolhidas ao acaso dentro deste perfil e mortas sem razão aparente; ela é objeto da fantasia do serial killer.



fingerprint on the wall
everybody looking for
but he's acting well
he's a cop, than a clown
in his farm or in town
beware, kids
don't think he's not around

hey! beware, kids
the boogeyman is hunting down
hey! beware, kids
dont think he's not around

that's all mommy's fault
when i called her a whore
she slapped me on the face
now she doesnt have one anymore.

hey! beware, kids
the boogeyman is hunting down
hey! beware, kids
dont think he's not around

quinta-feira, 29 de julho de 2010

estrutura hierárquica da classificação científica nos tempos modernos do fashionismo

o ruim de ser mulher é que, por mais profundo que seja, o desejo de ser fisicamente impecável é sempre impossível de alcançar!

ainda bem que meu conceito de beleza envolve ser espécie antes de ser ordem.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

pequenos pensamentos sobre grandes fatos

já parou para pensar na imensidão do universo hoje?

aceite.

eu guardei pra você todo dia
um pedacinho de mim
nesta caixinha.



agora você pode me levar pra passear
sem me ouvir reclamar.
:)

side by side

once I told you
what's worse than yelling
once I told you
I'm scared to see you crying

now I can't play anymore
we're hiding, we're sneezing
and I can't play anymore.

you're watching me fall
so I'm falling
you're watching me
please... stay holding
'cause I'm falling...

loudest than your scream
is to be side by side in silence.
by the way...
we got nothing left to say.

terça-feira, 6 de julho de 2010

devaneio 2

imagine uma cidade aonde todas as pessoas são respeitadas de igual maneira, independente da maneira como fossem. independendo raça, credo, gosto, nacionalidade ou posição política. pessoas adultas trabalhando em qualquer lugar com cabelos compridos, piercings e tatuagens, sem serem vistos como revoltados ou drogados e sim como qualquer outro na sociedade. você não vai ver cabelos pintados como algo estritamente para pré-adolescentes imbecis como na maioria das vezes você julga, mesmo que diga o contrário. porque é assim que deveria ser o mundo. como você quer que as coisas acabem bem ou que respeitem você se você tem este tipo de comportamento mastigado pela mídia e tradições opressoras/moralistas?
olhe para dentro de você. o que você é? carne? pele? sangue?
ou gosto musical? ou religião? ou time de futebol?
o que você é?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

buraco de vida

sinto meu peito totalmente preenchido... de vazio.

devaneio 1

qual o sentimento de quando se morre?
é o mesmo da solidão de morrer
quando se está vivo,
ou é a mesma de querer viver
quando se está morto?

certas vezes eu penso em emoções opostas acontecendo ao mesmo tempo dentro de alguém. incontrolavelmente só conseguir afastar quando se quer abraçar, ou calar quando se quer falar. eu sou assim. em determinados momentos, só consigo fazer o oposto do que diz meu coração...
meus braços não se movem na direção que eu quero, minha boca não profere nenhuma palavra macia, minhas ações são diretamente opostas às minhas vontades.
eu estou tão acompanhada agora,
que não consigo me conter em sentir sozinha.

resumo

tarde: uma briga em silêncio.
briga de olhares, de mãos.
nenhuma palavra.
noite: uma briga gritada.
ofensas, ódio. alto. muito alto...

não sei qual dói mais.

sábado, 26 de junho de 2010

releve

momento desabafo bipolar paradoxal:

QUE SAUDADE DE TER INIMIZADES!!!! HOJE EM DIA NA MINHA VIDA NÃO ACONTECE NADA, NADA DE NADA, EU NÃO TENHO PREOCUPAÇÕES QUANTO À OUTRAS PESSOAS, VIREI UMA MULHER INDIFERENTE À OPINIÕES, NÃO SINTO MAIS AQUELA DORZINHA NO CORAÇÃO DE TER ALGUÉM DE QUEM PENSAR OU FALAR MAL, NÃO SINTO MAIS MEU CORAÇÃO FERVENDO POR UMA PESSOA DA QUAL ODEIO E (SECRETAMENTE) TENHO AFEIÇÃO POR ME DAR UM MOTIVO PARA SENTIR-ME MAL DIARIAMENTE. TODOS OS DIAS EU ACORDO INSATISFEITA, PENSO ESTAR INFELIZ, E PROCURO MOTIVOS PARA INFELICIDADE... E SIMPLESMENTE NÃO EXISTEM! A PIOR TRISTEZA É A DE NÃO SABER PORQUÊ. EU NÃO SEI, NÃO SEI MAIS PORQUE ME SINTO INFELIZ, NÃO TENHO ALGUÉM A QUEM CULPAR PELO MODO COMO ME SINTO E ISSO ME MATA!!! ME MATA!!! COMO SOBREVIVER SEM PODER BOTAR A CULPA EM ALGUÉM? SOCORRO!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

solidão existencial

subst f infelicidade [ĩfəlisi'dadə]
1 estado ou qualidade de não ser feliz


feliz daquele que é triste,
pois reconhece que
tudo o que existe
coexiste.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

delírio sirenal

mãos estendidas, dedos encostados, unhas verde-água tapando o rosto. os dedos se entreabrem, abrem frestas, denunciando o que havia por trás da mão pálida de pele fina porosa: dois olhos castanhos. mas não são apenas dois olhos castanhos comuns... dentro deste globo ocular fino e translúcido, íris de madeira, através de todas as veias, nervos, córnea e retina, por dentro dos impulsos nervosos, elétricos e emocionais, há uma hidrotransparência. neste sonho aquático dentro dos meus olhos há um lago muito claro, centenas de peixes-borboleta e águas-vivas nadando dentre os corais multicoloridos. mais fundo na água avistam-se pedras-pome, algas, cianofíceas e, quando o ar começa a se extinguir por completo, cada vez mais fundo entre as cavernas subaquáticas e abismos, está meu maior delírio. seres sirênios cantando sinfonias de golfinho, pele escamosa, cauda de peixe, cintura e seios de mulher. cabelos finíssimos movendo-se de acordo com as moléculas de hidrogênio, lentamente, formando ondas psicotrópicas. rosto de pedra água marinha, boca de ametista, e olhos...
olhos castanhos.
íris cor de madeira.
delírio sirenal.

domingo, 13 de junho de 2010

sobre confiança e confidência

eu gosto
deste gosto
desgostoso
do gozo
de gostar
de alguém.

just like heaven


eu vou sobreviver.
no final, por mais que doa, apesar de todos os cortes e choros,
depois de todos os gritos, depois de todos os impulsos...
eu vou sobreviver.

terça-feira, 1 de junho de 2010

fragmento

Da casa onde estava sentado, ele estica o braço direito e aponta o dedo indicador para a inocente menina que se mantinha imóvel enquanto amarrava o cadarço de suas botinhas na calçada. De repente ela levanta sem expressão no rosto, se vira em direção à rua movimentada e fica parada olhando para trás como se estivesse esperando por algo. Até este momento, ainda com o dedo apontado para a garota, ele agora observa a rua movimentada e abre um enorme sorriso quando vê o caminhão vermelho de entregas que se aproxima em alta velocidade. Agora ele olha novamente para a menina , que solta a sacola e sai correndo para o meio da rua. Não houve tempo para o caminhão desviar.
A roda do caminhão, antes suja apenas de lama seca, agora ostentava um aspecto horrendo de carne e sangue fresco pingando no asfalto quente. O motorista, trêmulo e apavorado, não continha as lágrimas de desespero ao ver o cadáver estirado no chão. Sentia culpa, remorso, uma angústia seca e agoniada, levava as mãos ao rosto gordo e engordurado que agora era observado por dezenas de pedestres desviados de suas rotinas. Ouvia gritos de horror, choro, desaforos. Alternava sua visão entre a carne e ossos amassados embaixo da roda de seu inocente caminhão de entregas e os olhares da população enfurecida. No seu cérebro, repetia inconstantemente: “eu tentei desviar, eu tentei desviar, eu tentei desviar...”

segunda-feira, 17 de maio de 2010

você 2

você é o único
que acha meu desastre
uma gracinha.

você 1

eu não tenho certeza de muita coisa na minha vida,
mas eu sei que não importa o quanto eu tente
parar de ser tão romântica...

eu não consigo me controlar
quando eu vejo
teus olhos fechados
escuros
teu sorriso...
simplesmente faz
meu coração disparar
como se fosse a primeira vez.

todas as músicas que falam de amor são sobre nós dois,
todas as histórias que falam de amor
não são tão maravilhosas
quanto a nossa.

tudo o que há de doce e amargo no mundo
é você.

dapaplec tuplim plim.


água e gordura
carbonato de sódio
detergente
amor e ódio.

depois de tudo,
minha maior inspiração
não passa
de bolinha de sabão.

roda gigante & algodão doce

conheço mil músicas que se tratam disso:
ir pra cima e pra baixo,
rápido demais
confundido a maneira como você se sente.

tentando não ser tão cliché,
não te chamo de montanha russa:

és todo o parque de diversões.




"você me faz andar de montanha russa e depois me mete no trem fantasma, sabia? e sempre me dá um ursinho de brinde no final."

terça-feira, 11 de maio de 2010

parênteses para a realidade.

A Revolta da Catraca de Florianópolis foi uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus aqui na ilha, em 2004 e 2005. Nas duas, conseguimos contar com a presença de milhares de pessoas - estudantes ou não, de todas as idades. A tarifa abaixou após muita luta, e, mesmo depois do boicote ao prefeito Dário Berger, ele acabou sendo reeleito ("esqueceram" da Moeda Verde, né?), resultando em aumentos todos os anos.
O Movimento Passe Livre e a união em geral dos estudantes de Floripa pecou muito nos anos seguintes, com manifestações fracas e desorganização (eu sei, eu estive lá). Entretanto, neste ano de 2010, parece que alguma coisa vai acontecer.Ontem, dia 11 de maio, foi o segundo dia de ação dentro da Ilha. Sexta-feira o ato contou com 500 pessoas, e segunda com mais do dobro. Foi lindo, foi organizado, foi tranquilo (exceto por parte da repressão policial como sempre).
Nesta quinta-feira, dia 13 de maio, irá ocorrer o Grande Ato Unificado às 17h em frente ao TICEN. Contamos com a presença de todos (você, sua família, seus amigos) para OBRIGARMOS a prefeitura à conquistar nosso direito ao Passe Livre (lei aprovada desde 2004) na prática.
Chega de repressão ao direito estudantil. Chega de preços abusivos em ônibus de péssima qualidade. Vamos lutar juntos pela municipalização do transporte! Fora Dário, fora máfia do transporte. PASSE LIVRE JÁ!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

solidão

Alguém: 01/04/2006 13:48
Tenho 16 anos e nunca transei nem ao menos beijei alguém.Tenho pensado em suicídio por me sentir um alienigena.Gostaria de saber como é a sensação de prazer de um beijo ou de sexo mas creio que morrerei antes.infelizmente.

Alguém: 05/04/2006 16:46
Eu queria muito ter comparecido ao encontro mas infelizmente não pude pois fiquei com medo de talvez chegar lá e ser um "zero a esquerda".Além do mais,sofro de um tipo de depressão e certamente não me sentiria bem em um lugar onde não conheço ninguém.Vc é um rapaz bonito e por sinal muito inteligente.Tenho o famoso complexo de inferioridade e só de imaginar que teria que ver outros garotos,fiquei deprimido e desanimado.Já te adicionei no msn.por favor me aceite.beijos pra vc.

Alguém: 07/04/2006 15:18
eduardo,amanhã (sábado) eu estarei conectado ao msn a partir das dez horas da manhã.Sepuder entre também nesse horário.Eu gostaria muito de falar com vc.Abraço.

Alguém: 10/04/2006 21:32
eduardo,eu deveria ter esperado sua ausencia.

O Gafanhoto

escrito em 12/2004
revisado e modificado em 10/2008

O barulho parecia estar em todos os lugares. Mato adentro, estrada afora. Por onde quer que olhasse, o barulho do gafanhoto na sua demência bêbada e estridente ecoava. Ecoava. Ecoava.
Aproximar-me não pareceu, talvez, nenhum tipo de pretenção contra o gafanhoto. Apenas curiosidade.
Ao procurar no escuro cegamente pelo inseto, pude perceber que já encontrava-me no meio do terreno baldio. Que situação ironicamente assustadora! Que tipo de garota perderia a si própria na tristeza do canto de um gafanhoto?
Se olhasse para o horizonte, não via-se nada alem de um escuro estranhamente vazio. Olhando-se à esquerda, eu via um estábulo feito de madeira velha e visivelmente molhada e mofada. Se virava-se à outra direção, poderia ver com facilidade um portão feito da mesma madeira. Observando tamanha beleza tétrica, das quais só se vê em ambientes noturnos e úmidos como era a situação, talvez esqueci-me do mais importante, da minha amarga busca ao inseto errante - preocupei-me mais com minha mente tão errante quanto. Menina burra, menina estranha!
Ao prestar atenção no som, pude constatar que o animal talvez encontrava-se perto do estábulo. Aproximei-me mais, pisando na grama gelada com minhas meias soquete, sentindo meus pés umedecerem a cada passo. O som estava mais alto. Valia a pena. Já não era mais uma futilidade infantil: agora era uma meta, um objetivo a ser seguido. Estava quase. Agora eu já via claramente as plantas mortas e secas prendendo-se na madeira, como num pedido sufocado de vida. Cheguei perto. Parecia-me que o som realmente vinha dali, estava ficando mais alto. Olhei pra trás, num impulso: o som também vinha de lá. Vinha de cima, de baixo, de todos os lados! Senti que estava afogando-me no som agudo e pausado, senti que estava viciando-me nele, um vicio sufocante! Caí no chão num baque seco - parecia-me que todo meu ar havia acabado e que meu sangue havia endurecido de medo. De todo aquele misto de sensações, a que prevalecia superior era a agonia, o sentimento de ir lentamente queimando-se de dentro pra fora, de ir morrendo! Não havia com escapar de lá, não havia como escapar do pensamento, de si mesmo! O som não vinha da grama, de longe, do estábulo: estava em todos os lugares, no meu cérebro e nos meus pensamentos, em cada detalhe da minha personalidade, era a minha vida e a minha morte.
o objetivo inalcançável de atingir um som intracelular fazia-me contorcer em mim mesma, gritava e não emitia nem um suspiro... estava dentro da minha mente!

domingo, 2 de maio de 2010

me disseram que os piercings não combinam comigo.
revidei dizendo que a sobrancelha da Frida também não, mas duvido que alguém não a reconheça por isso.

estou ficando fraca.
da próxima vez cito Shakespeare ao invés de Bukowski.
vou colocar um piercing no meu lobo frontal
(pra combinar com minha racionalidade.)
gente imbecil.
odeio gente imbecil.

liberdade.

"O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se acorrentado"
Jean-Jacques Rousseau


engraçada essa história de liberdade. nós nos gabamos tanto, todos os dias, por estarmos livres fisicamente, livres espiritualmente, livres em todos os sentidos que nunca fomos. "conquistamos a liberdade de expressão", dizem. "somos responsáveis pela liberdade de escolha", dizem. eu digo... nós não somos responsáveis. nós não estamos livres. ainda.
percebem? somos escravos desde a raiz. somos escravos do nosso inconsciente, dos nossos órgãos internos, das nossas vontades mais ínfimas... falando de modo mais abrangente, mais "macro", somos escravos de nós mesmos. somos escravos da televisão, dos padrões, de todas as invenções superficialmente materializadas para satisfazer alguma coisa que não encaixava no nosso espírito. matamos moralmente quem se diz medíocre, e a falsa modéstia é encarada de forma negativa. somos tão desconexos, tão paradoxais, que estamos morrendo através do que nós próprios criamos para viver mais!
é melhor dormir e esperar que a neutralização de toda a desgraça que foi feita resulte em alguma coisa. se fôssemos tão livres, não estaríamos agora tendo que tornar todos os nossos produtos poluentes e nojentos em papel e plástico reutilizável. não estaríamos morrendo de câncer por causa do fluido de bateria e óleo nos lençóis freáticos. somos os únicos animais que pegam o livre-arbítrio e enfiam ele numa gaiola de vivissecção.

isso não é novidade, mas a descrença na humanidade se tornou demodé.
vamos depositar nossos salários pra salvar instituições de salvação religiosa e esquecer o genocídio no oriente médio. claro. é assim que deve ser. geração saúde, geração livre...
geração piada.

terça-feira, 27 de abril de 2010

dia-logo NUNCA açeuqse.

— a minha vida é assim: eu vejo todo mundo como vultos pretos desinteressantes. eu estava vendo tudo assim, as pessoas não significavam nada mais do que sombras... e um dia eu vi uma luz... era você. você apareceu na minha vida como a única coisa da qual eu conseguia ver no meio de todos os vultos, iluminando tudo e me fazendo enxergar o mundo todo de um modo maravilhoso. era só você que eu conseguia ver, e agora eu posso ver tudo novamente.
— essa foi a coisa mais linda que alguém já me disse. obrigada.
— eu te amo.
— eu te amo.

autobio.

há um tempo atrás, eu remoía ódio em mim. raiva, tristeza, eu não tirava nada disso do meu corpo e mente. ficava cavando horas e horas cada vez mais o fundo do poço. me sentia angustiada e ao invés de fazer isso mudar, eu me angustiava ainda mais. por prazer, talvez. mas aquilo me deixava num estado de espírito vazio, eu me sentia organicamente morta, impotente, me afundando na minha própria mágoa. hoje... eu não sei, não sei o que aconteceu. as coisas tristes e ruins permanecem acontecendo sempre, mas eu não consigo ficar mal por mais de 2 ou 3 minutos. eu SEMPRE acabo vendo que as coisas vão passar mais cedo ou mais tarde, que só piora ficar pensando na tristeza. é um ciclo vicioso: quanto mais ódio você prende dentro de você, mais ódio você vai sentir...

acho que já sofri muita coisa ruim de verdade, as coisas tristes que acontecem como brigas de família, problemas em namoro ou escola... nada disso faz efeito mais.
preciso de algo muito pior do que um câncer pra me fazer sofrer.
botei minha armadura, agora sou feliz.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

borboletas no pulmão.

eu não entendo a tua tristeza, assim.
eu devo ter algum problema.
desde quando
a felicidade
é tão
vazia?

desde quando eu não te faço mais feliz?

n.o.n.s.e.n.s.e


mais uma chamada
os olhos se abrem e não vêem nada
respiração alta, ressonância alterada
agonia na atadura molhada
encrostada de suor e dor
cheiro de hospital
camas, lençóis, máscara cirúrgica
e o telefone toca
e o telefone toca
e a máscara
(é uma máscara)
se recusa a sair.
com as unhas no rosto
arrancando a pele
arrancando a gaze
rasgando a pele
rasgando a gaze
nada impede que o sangue vase
remédio vermelho, gota de mercúrio
pílula de serotonina.

salva.

e no fim
o freak
é você.

sábado, 10 de abril de 2010

nada.


— o que está acontecendo com nós dois? eu te amo, mas eu não quero mais te amar. eu sei que você não quer mais também, isto está sendo ruim pra mim e ruim pra você. mas ao mesmo tempo, eu não me imagino mais sem você, aprendi muito contigo, preciso da tua presença na minha vida.
— eu nunca, nunca iria querer deixar de amar você...

...vamos dormir.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

i'm happy anyway.

cena 1.
uma menina de 12 anos entra, usando uma camisola em tons pastéis. ela dá 5 passos em direção à platéia e senta. fica olhando pra cada um, olhar por olhar, observando cada sentimento despertado pela sua presença: carinho, ternura. algumas mulheres de meia-idade olharão com certo amor maternal. fecham as cortinas.

cena 2.
a menina continua no mesmo lugar, sem expressão. entra um homem sujo, grande, usando roupas imundas e fedendo a suor. ele pega a menina pelo cabelo com violência, joga ela como se fosse lixo no chão e começa a estuprá-la. a menina permanece imóvel e consciente. o homem se levanta, fecha as calças, cospe na menina e sai. ela continua no chão, com a camisola suja de sangue e sêmen. fecham as cortinas.

cena 3.
a menina se levanta, trêmula. mesmo sem expressão, seca uma lágrima que cai. ajeita a camisola manchada e olha novamente para a platéia, pessoa por pessoa. fecham as cortinas.

cena 4.
a menina continua no mesmo lugar. entra novamente o homem, atrás dela, tira uma arma do bolso da calça imunda e atira três vezes na cabeça. a menina, morta no chão, tem alguns espasmos involuntários. depois, o homem respira e atira na cabeça de outras duas ou três pessoas na platéia. fecham as cortinas.


moral da história:
você nasce puro e inocente, cresce olhando seus semelhantes te amarem para um dia você se corromper, se sujar, ter seus sonhos arruinados e alguém vir e te balear na cabeça. depois, as pessoas que te amam morrem também. end of the story.

outra lista

1. arco-íris
2. sol e frio
3. cheesecake
4. sereias
5. piratas
7. acessórios girlie
8. HQs
9. pin-ups
10. violência gratuita
11. drogas
12. becos úmidos
13. gritos
15. sangue seco
16. doença
17. seringa jogada no chão
18. carne podre
19. solidão existencial.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

plaisir.



olhos fechados, mesmo no escuro
mãos em torno
beijo

parte de você
sabe

a salvação, em última hora
reconciliação
bandeira da paz
avec
plaisir


só pra lembrar.

procurei lembrar o que mais amei no meu dia.

1. a luz do sol depois que o parou de chover;
2. sorriso;
3. gosto de morango;
4. a paz;
5. a história das irmãs;
6. rosto;
7. as pazes;


é tudo
você.

sábado, 3 de abril de 2010

High

não te quero
nicotina, fumaça de fábrica
preta, cinza, suja
cancerígena
suicida.

agora no meu peito
no meu cérebro
fumaça limpa
passagem pro verde
viagem interna
exteriorizada pelo riso
criativo, ativo, socializado
eu te quero
mais.

terça-feira, 30 de março de 2010

Sonha comigo


o sonho é uma experiência de imaginação, uma extensão do delírio e miscelânea de sensações, desejos, intensidade de palpitações no inconsciente.
o sonho é uma experiência do delírio e miscelânea de sensações, intensidade do inconsciente.
o sonho é uma experiência de sensações do inconsciente.
o sonho é uma experiência do inconsciente.
o sonho é uma experiência.
o sonho é.
sonho.

Esquizofrenia Psicotrópica

ela olhou para a rachadura na parede,
se lembrou do sangue no crânio.

ela olhou pro sangue na parede,
se lembrou da rachadura no crânio.

ela olhou para
si mesma
no espelho
se lembrou
de quem era
antes.

Delírio Sirenal




delírio sirenal não é poesia, não é crítica social, não é humanista ou misantropo. não é expressão de hipérbole ou prosopopéia. não é só cheiro nem sabor nem cor.

é a ideia do algodão, do sorvete, da cereja, da agulha na carne, do suor na parede, da poeira e da teia de aranha. a ideia da peçonha, do bisturi, da escama e da epiderme quente, molhada. é Iara, Hator, Capitu e Colombina.
é a infecção interna dos pulmões, vírus e átomos de hidrogênio. é a percepção da existência da água como cama hospitalar, cheiro de doença, rosa desbotado.

3ª pessoa.

pleo
neo
neonasmo
neologismo
neofobia, fobia neurológica
uma dor escatalógica
ilógica, imoral
cheia de pronomes
pessoais, passionais e possessivos
sorte e azar, de se afundar no mar
morrer de doença patológica
antropofágica, dor de você
e dor de mim, dor de eu
morte de mim
e eu morro, morri
vou morrendo
de você.

J

arco-
íris.
ma
chu
ca.

fóton do meu prisma.

Antítese

absurdo, clássica metáfora
paradoxo, cláusula metamórfica

preso na gaiola
cosmos, velhos sujos
dormem na cidade
livres de corpo, na atada sociedade.

espelhos do relógio,
as horas voltam.
antítese do tempo,
se mais revoltam
as engrenagens, fábrica-fumaça
não trabalham,
não trabalham

mais.

qualquer tecnologia
engole em disritmia
a vida, fitoplâncton
fóton, glúten, pólen
bomba de nêutron

mata e cria
vida bruta
agonia.

Persistência.

penso que sempre
que penso
insisto que preciso
de tempo.

penso que se preciso fosse,
persistiria
no pensamento.